Jarras e Jarras

Havia uma jarra dentro de uma jarra
A esperança carrega consigo um coletivo
De coisas que podem nos fazer resistir
Aos males soltos por nossa própria inocência.

A coragem nasce do esperar um porvir melhor
Do desejar que este exista e por isto necessitar agir
Utopias podem nos iludir tanto quanto nos fazer seguir
Tudo depende de como a encaramos, como ela nos serve

Com a utopia como aliada, encaramos melhor o real
Não mais como covardes que fogem do que nos cerca
E sim como caçadores necessitados de alimento
A desenhar seu alvo em cavernas para honra-lo e alcança-lo.

Não havia uma culpada dentro abrindo a jarra
Pandora não representa o mal que uma mulher pode ser
Não consigo concordar que alguém de nome “presente de todos”
Seja apenas uma vingança encarnada, todo um gênero para isto

Para segurar os males do mundo assim como os benesses
Há de ser alguém com grande poder e responsabilidade
Uma deusa que ao cair na terra de mortais patriarcais
Disseram-na que não era mais que uma relés rachada

Mortal e sem gana, apenas os pequenos prazeres lhe serviam
E a eles se apegou, sendo um deles a curiosidade
Esta foi a maldição da humanidade, subjugar deusas
E transforma-las em submissas servidoras de homens

As jarras são sim a vingança das mulheres deusas
Assim como a misericórdia por parte delas, ouso dizer
Pois a esperança engana aos tolos frente ao mundo nefasto
E alimenta os sábios para conseguir transmuta-lo.

 

Texto por Laleska Freitas