Depois de uma conversa com uma amiga hoje à tarde, fiquei pensando. A anatomia da genitália masculina, protuberante, proeminente, deveria ser símbolo daquele que se mostra, que busca, oposta à feminina, que se esconde, que se recolhe, que se fecha. Partindo dessa premissa, atitude deveria ser característica masculina, de fazer acontecer, de buscar, de realizar.
Pois bem, sinto em dizer-lhes, queridos, mas não é bem isso que acontece na prática.
Enquanto a mulher se lança, movendo as pedras do tabuleiro da sua história, os homens preferem espreitar, imóveis, sentados num balcão de bar que fica logo alí na zona de conforto. Num relacionamento, por exemplo, damos os primeiros passos, agimos, ou vai ou racha, ou fode ou sai de cima, ou é ou não é. Já os homens preferem recolher-se, como uma vagina embaixo da calcinha, esperando o momento certo que passou num cavalo à galope sem que ele sequer percebesse.
Mulheres se lançam, apostam corajosamente em relações, terminam dignamente, ou não, longos casamentos em busca de algo ou alguém que lhes faça sentir vivas, se arriscam, se expõem, dão suas carinhas maquiadas à tapa. Enquanto isso, vamos nos iludindo com cavaleiros que nos emprestam o cavalo e a lança, enquanto se conformam em esconder-se dentro de suas armaduras.
Há algo imensamente paradoxal nisso tudo. Não sei se na natureza da anatomia ou do comportamento. Não sei.
Texto por Lena Fuão